quinta-feira, 10 de março de 2011

Literatura

Romance
““O romance é a epopéia de um mundo sem deuses”, ou seja, o romance é a epopéia do cotidiano”. (Hegel)
Pegue uma lista dos livros mais vendidos. Pode ser de qualquer jornal ou revista do Brasil ou do mundo. Todos os veículos sem exceção classificam os livros em dois grandes grupos. A saber: Ficção e Não-Ficção. A maioria desses jornais e revistas ainda traz algumas particularidades, variando, é claro, de acordo com o público ou interesse cultural de cada região ou país. Revistas de circulação nacional e jornais locais, além de trazerem a cotação dos mais vendidos em ficção e não-ficção ainda abrem um espaço para os mais vendidos nas categorias “livros infantis e infanto-juvenis e auto-ajuda e esotéricos”. Isto sem falar nas revistas técnicas que devem listar os mais vendidos nas áreas de interesse imediato como informática, por exemplo.
Excetuando os modismos ficamos mesmo com as duas grandes categorias: Ficção e Não-Ficção. Ambas englobam tudo referente a suas características. Ficção pode ser conto, romance, crônica ou novela. Não-ficção pode englobar sociologia, história, psicologia, jornalismo, relatos, memórias, biografias, autobiografias, dietas, receitas, guias em geral, etc.
O New York Times, por exemplo, faz as classificações dos mais vendidos seguindo um critério muito particular do mercado editorial norte-americano. Os mais vendidos em ficção e não-ficção em brochura (paperback) ou encadernados (hardcover) têm listas específicas para cada tipo de capa.
O romance é o estilo literário mais vendido em todo mundo. Lógico que outros estilos como biografias, quando escandalosas vendem muito bem também. Mas a pergunta é: porque o romance vende tanto? A resposta é simples: porque é o estilo literário mais popular. E sua popularidade surgiu ainda em meados do século XVI e início do século XVII na Espanha, depois se espalhou por quase toda Europa. No século XVIII a expansão do romance estava praticamente consolidada e na Inglaterra tomou um grande impulso devido a alguns fatores como a ascensão da burguesia. Porém, a popularidade do romance está relacionada a: abandono da métrica, uso de linguagem coloquial, não existência de modelos pré-concebidos, os personagens centrais são pessoas comuns e não mais heróis míticos, a narrativa como forma de contar uma história e temas corriqueiros (envolvimentos sentimentais, dificuldades econômicas e sociais). Talvez o mais importante de tudo seja a busca da verossimilhança por parte dos autores. Os personagens mesmo fictícios e vivendo situações inventadas, estão num contexto histórico e as circunstâncias são reais, dando uma noção de realidade para o leitor.
A palavra romance deriva do latim vulgar, quando se referiam às línguas românicas. Posteriormente passou a designar relatos em forma de narrativa. Existem algumas subdivisões no gênero literário Romance. Como o Romance de Cavalaria, o Romance Sentimental, o Romance Psicológico, o Realismo Mágico e o Romance Histórico. Como a Espanha do século XVII com todas suas contradições foi o berço do romance, Cervantes foi aquele que fez a passagem entre o romance medieval de base épica e poética com a narrativa sobre o homem comum, com todas suas mazelas (dúvidas, angústias, frustrações). D. Quixote é o vértice de dois gêneros literários.
Foi na Inglaterra do século XVIII que surgiram os romances que fizeram a popularidade do gênero. Moll Flandres e Robinson Crusoé, de Daniel Defoe e A História de Tom Jones, Um Enjeitado, de Henri Fielding. Além de As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift. E esse gênero se tornou a principal forma de entretenimento do inglês médio, espelhando a sua vida cotidiana. Também no restante da Europa, o romance se desenvolveu. Livros como Ligações Perigosas, de Chordelos de Laclos e Werther, de Goethe foram sucessos imediatos e até hoje são lidos. Desde meados do século XIX, surgiram romances considerados obras-primas e autores geniais como Flaubert, Zola, Dostoievski, Tolstoi, Eça de Queirós, Joseph Conrad, Machado de Assis e outros mais.
© Jorge Alberto

Romance Policial

Nos dias atuais, o Romance Policial é objeto de estudos acadêmicos, que demonstram a sua importância como gênero literário, pois fora considerado literatura de segunda categoria pelos críticos.
A origem do Romance Policial está no livro Assassinatos na Rua Morgue de Edgar Allan Poe, que foi escrito a pouco mais de um século e delineou as principais características desse gênero literário.
Poe inaugura o estilo e também boa parte do procedimento que os detetives do romance policial passarão a adotar, não importando quem o escreveu ou onde a trama ocorre. Por exemplo, quase não há detetive de romance policial que não tenha um parceiro que lhe sirva de “escada” e sua arguta dedução analítica para os fatos. Além, é claro, do ar durão e solitário.
O sucesso do romance policial está intrinsecamente relacionado ao fato de retratar a vida do homem e da mulher comuns, sintetizando seus dramas, angustias, anseios, terrores e esperanças. Os leitores deste gênero são pessoas que consomem tudo que é escrito pelo seu autor preferido, não tem sexo nem idade e lê os livros “de uma sentada só”.Fato comprovado pela simples observação feita em livrarias de universidades e faculdades, quando os professores compravam livros específicos para suas áreas e não deixavam de levar pelo menos um romance policial.
O cinema contribuiu muito, já que os livros de alguns mestres do Policial, como Dashiell Hammett e Raymond Chandler, foram adaptados para o cinema criando o estilo de filme noir. Ambos autores também prestaram serviços como roteiristas para os grandes estúdios de Hollywood.
O romance policial surgiu nos países de língua inglesa e deles provêm a maioria dos bons autores. Nomes como Edgar Allan Poe, Arthur Conan Doyle, Aghata Christie, Rex Stout, Raymond Chandler, Dashiell Hammett, Denis Lehanne, P.D. James, Patricia Cornwell entre outros, frequentemente têm todos ou quase todos seus livros lançados no mercado brasileiro.
Seus detetives e personsagens são tão marcantes que parecem ter a familiaridade de alguém que conhecemos há muito tempo. Quem não sabe os principais cacoetes e manias de Sherlock Holmes, Hercule Poirot, Maigret, Sam Spade, Kay Scarpetta, Nero Wolfe e outros mais?
Há alguns anos o romance policial de origem nacional tomou um novo fôlego e surgiram autores como Luiz Alfredo Garcia-Roza, , que faz das ruas e recantos do Rio de Janeiro o palco das histórias do detetive Espinosa e Joaquim Nogueira, que criou o detetive Venício e tem em São Paulo a sua área de atuação.
Um caso a parte é Rubem Fonseca, que fez de sua experiência como policial enredo para seus livros, onde retrata uma realidade vivida e também seus antigos companheiros de profissão, antes de se tornar escritor.
© Jorge Alberto





Realismo Mágico

Muitos críticos analisam a literatura latino-americana como sendo basicamente classificada como Realismo Mágico. Ora, isto não é nenhum demérito. Na verdade é uma grande vertente literária que apresenta um continente, não somente geográfico, mas social, onde a conquista e a colonização se deram de modo peculiar. A formação dos vários países que atualmente se expressam em línguas latinas teve este componente mítico em sua formação. Basta ver o caso da chegada de Cortez ao México. Os presságios que assolaram e desconcertaram a mente de Montezuma se confirmaram de forma acachapante quando os espanhóis desembarcaram nas terras do Império Asteca.
Também não precisamos ir muito longe para entender que este gênero literário, o Realismo Mágico, tem representantes de várias outras línguas, como por exemplo, o italiano Ítalo Calvino. Temos também na própria América Latina o falecido escritor peruano Manuel Escorza, com seu “Garabombo, o Invisível”, Augusto Roa Bastos, escritor paraguaio de “Eu, o Supremo”. Muitos pensam que apenas Gabriel Garcia Marques, o escritor colombiano ganhador do Nobel de Literatura, é o grande expoente com o seu “Cem Anos de Solidão”. Esta vertente literária é como um rio caudaloso e sempre descobrimos e descobriremos novos autores, como por exemplo, David Toscana, outro autor mexicano, mas que prefere não classificar seus livros como sendo Realismo Mágico. Prefere, sim, que seja visto como uma literatura de cunho internacional. Na verdade isso não importa. Importa, sim, o talento escreve seus livros.
₢ Jorge Alberto

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