sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sou de todo lugar que aceita a leitura como  prazer de ler. Sou filha do Ceará. Gosto de ler, escrever, ouvir, cantar a  vida e todas as artes que ela possui em todo canto que possamos encontrar. Aprecio a natureza humana e quero servir a Literatura hoje e sempre.
Leia o cordel " Cachorro dos mortos" do cordelista Leandro Gomes de Barros. Vale a pena conhecer um pouco da saga do nosso povo cearense.

Professor inovador

O cordel como ferramenta importante para estimular a oralidade, a desenvoltura, a leitura e o  prazer de ler. Instrumento essencial para valorizar a cultura do nosso povo. Sempre quando utilizado de modo que incentive nossos alunos!

Palavra Cantada
Ferramenta pedagógica.

VAMOS CANTAR! Professor convide alguém para tocar junto com você.

Acalanto Pra Você

Palavra Cantada

 Palavra Cantada
Tom: D
                               
D  D9        G
Eu canto pra você dormir
D D9         G           (D/F#)
A terra gira sem ter fim
Em       G               A
O sol se esconde não sei onde
Em  G            A
Escurece a noite cresce
 
D  D9           G
Eu canto e você já dormiu
D D9         G         (D/F#)
A terra gira por um fio
Em    G             A
A lua brilha, minha filha
Em G             A
Eu canto este acalanto...


Bolacha de Água e Sal

Palavra Cantada

 Palavra CantadaCompositor: Paulo Tatit
Tom: G
                               
A
Gosto quando vou brincar na rua
A
Gosto quando encontro meu amigo
A
Gosto quando a mãe do meu amigo
A
Me oferece uma bolacha
A
De água e sal
 
D                      C
Gosto de bolacha sem açúcar
D                      C
Gosto de bolacha sem recheio
D                        C
Gosto de bolacha sem perfume
       G           C
Gosto do que é normal
 
                       A
Uma bolacha de água e sal
A
É... uma coisa natural
A
É... barato e não faz mal
A
De qualquer marca
A
É tudo igual
 
D                            C
Quando a gente está meio enjoado
D                       C
Quando a gente está passando mal
D                     C
Quando a gente fica aperreado
             G                  D
Bolacha de água e sal
 
A                C
Quando a minha avó era criança
 
A              C
Quando a vida era sempre igual
A               C
Lá na roça acordavam cedo
A                    C
Pra comer bolacha de água e sal
A              C
Quando o meu avô era criança
A             C
Veio num navio de Portugal
A               C
A viagem ficou na lembrança
                     A  C    D
Só comiam bolacha de água e sal
 
A
O meu gosto é radical
A
Gosto porque é fundamental
A
Farinha, fermento, água e sal
A
Simplicidade, no trivial
D                          C
Se um dia você for lá em casa
D                          C
Pra brincar comigo no quintal
D                      C
Vamos combinar um pic nic
D                    E
Pra comer muita bolacha
                A
De água e sal

POETAS CEARENSES

ZE DA LUZ - BIOGRAFIA
Zé da Luz, poeta, das terras nordestinas, nasceu em 29 de março de 1904 em Itabaiana, região agreste da Paraíba e faleceu no Rio de Janeiro em 12 de fevereiro de 1965.
Sua poesia é dita nas feiras, nas porteiras, na beirada das estradas, nas ruas e manguezais. Perdeu-se do seu autor, pois em livro não se encontra. Se encontra na boca do povo, de quem tomou emprestado a voz, para dividi-la em forma de rima e verso.  Seus poemas têm a cor do nordeste, o cheiro do nordeste, o sabor do nordeste. Às vezes trágico, às vezes humorado, às vezes safado. Quase sempre telúrico como a luz do sol do agreste.

OBRA DO AUTOR

AI! SE SÊSSE!... 

Se um dia nós se gostasse; 
Se um dia nós se queresse; 
Se nós dos se impariásse, 
Se juntinho nós dois vivesse! 
Se juntinho nós dois morasse 
Se juntinho nós dois drumisse; 
Se juntinho nós dois morresse! 
Se pro céu nós assubisse? 
Mas, porém, se acontecesse 
que São Pêdo não abrisse 
as portas do céu e fosse, 
te dizê quarqué toulíce? 
E se eu me arriminasse 
e tu cum insistisse, 
prá qui eu me arrezorvesse 
e a minha faca puxasse, 
e o buxo do céu furasse?... 
Tarvez  qui nós dois ficasse 
tarvez qui nós dois caísse 
e o céu furado arriasse 
e as virge tôdas fugisse!!! 


BIOGRAFIA DE LEANDRO GOMES DE BARROS –
O PAI  DO CORDEL NO CEARÁ
No mês passado fez 142 anos do nascimento do maior poeta cordelista do Brasil. Leandro Gomes de Barros - O Rei do Cordel - nasceu na fazenda Melancia, em Pombal - PB, no dia 19 de novembro de 1865 e faleceu em Recife-PE, no dia 4 de março de 1918, segundo alguns pesquisadores, vitimado pela Influenza espanhola. Era sobrinho materno do padre Vicente Xavier de Farias, que ajudou a criá-lo.
De acordo com depoimento de sua bisneta, Cristina Nóbrega, Leandro era um Nóbrega. Mudou para Barros em decorrência das desavenças com o seu tio, o Padre Vicente. Quando os irmãos do Pe. Vicente  morreram, ele ficou por tutor das duas famílias. Uma estava falida, e a outra tinha dinheiro. Esse religioso passou, então, os bens do irmão para o outro, deixando a família de Leandro na miséria. E quando Leandro foi tomar satisfações, ele mandou dizer que "no cabaço ainda cabia orelha". Leandro, com raiva, mudou o sobrenome de Nóbrega para Barros.

OBRA DO AUTOR

Fui um menino enjeitado
Fui triste logo ao nascer
Nem uma ave noturna
Tão triste não pode ser
Eu sou igual ao deserto
Onde ninguém quer viver.

Esse homem que me cria,

Me maltrata em tal altura
Que nem um preso no cárcere
Sofrerá tanta amargura
Não foi Deus, é impossível
Que me deu tanta amargura.



Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956, Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Está sendo estudado na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel. Patativa do Assaré era unanimidade no papel de poeta mais popular do Brasil. Para chegar onde chegou, tinha uma receita prosaica: dizia que para ser poeta não era preciso ser professor. "Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão", declamava. 

Cresceu ouvindo histórias, os ponteios da viola e folhetos de cordel. Em pouco tempo, a fama de menino violeiro se espalhou. Com oito anos trocou uma ovelha do pai por uma viola. Dez anos depois, viajou para o Pará e enfrentou muita peleja com cantadores. Quando voltou, estava consagrado: era o Patativa do Assaré. Nessa época os poetas populares vicejavam e muitos eram chamados de "patativas" porque viviam cantando versos. Ele era apenas um deles. Para ser melhor identificado, adotou o nome de sua cidade. 

Filho de pequenos proprietários rurais, Patativa, nascido Antônio Gonçalves da Silva em Assaré, a 490 quilômetros de Fortaleza, inspirou músicos da velha e da nova geração e rendeu livros, biografias, estudos em universidades estrangeiras e peças de teatro. Também pudera. Ninguém soube tão bem 
cantar em verso e prosa os contrastes do sertão nordestino e a beleza de sua natureza. Talvez por isso, Patativa ainda influencie a arte feita hoje. O grupo pernambucano da nova geração "Cordel do Fogo Encantado" bebe na fonte do poeta para compor suas letras. Luiz Gonzaga gravou muitas músicas dele, entre elas a que lançou Patativa comercialmente, "A triste partida". Há até quem compare as rimas e maneira de descrever as diferenças sociais do Brasil com as músicas do rapper carioca Gabriel Pensador. No teatro, sua vida foi tema da peça infantil "Patativa do Assaré - o cearense do século", de Gilmar de Carvalho, e seu poema "Meu querido jumento", do espetáculo de mesmo nome de Amir Haddad. Sobre sua vida, a obra mais recente é "Poeta do Povo - Vida e obra de Patativa do Assaré" (Ed. CPC-Umes/2000), assinada pelo jornalista e pesquisador Assis Angelo, que reúne, além de obras inéditas, um ensaio fotográfico e um CD. 

Como todo bom sertanejo, Patativa começou a trabalhar duro na enxada ainda menino, mesmo tendo perdido um olho aos 4 anos. No livro "Cante lá que eu canto cá", o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para "ser poeta de vera é preciso ter sofrimento". 

Patativa só passou seis meses na escola. Isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades. Não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar. De seus 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, "já disse tudo que tinha de dizer". Patativa morreu em 08 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome. 

A triste partida* - Patativa do Assaré** 

Setembro passou, com oitubro e novembro 
Já tamo em dezembro. 
Meu Deus, que é de nós? 
Assim fala o pobre do seco Nordeste, 
Com medo da peste, 
Da fome feroz. 

A treze do mês ele fez a experiença, 
Perdeu sua crença 
Nas pedra de sá. 
Mas nôta experiença com gosto se agarra, 
Pensando na barra 
Do alegre Natá. 

Rompeu-se o Natá, porém barra não veio, 
O só, bem vermeio, 
Nasceu munto além. 
Na copa da mata, buzina a cigarra, 
Ninguém vê a barra, 
Pois barra não tem. 

Sem chuva na terra descamba janêro, 
Depois, feverêro, 
E o mêrmo verão 
Entonce o rocêro, pensando consigo, 
Diz: isso é castigo! 
Não chove mais não! 

Apela pra maço, que é o mês preferido 
Do Santo querido, 
Senhô São José. 
Mas nada de chuva! tá tudo sem jeito, 
Lhe foge do peito 
O resto da fé. 

Agora pensando segui ôtra tria, 
Chamando a famia 
Começa a dizê: 
Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo, 
Nós vamo a São Palo 
Vivê ou morrê. 

Nós vamo a São Palo, que a coisa tá feia; 
Por terras aleia 
Nós vamo vagá. 
Se o nosso destino não fô tão mesquinho, 
Pro mêrmo cantinho 
Nós torna a vortá. 

E vende o seu burro, o jumento e o cavalo, 
Inté mêrmo o galo 
Vendêro também, 
Pois logo aparece feliz fazendêro, 
Por pôco dinhêro 
Lhe compra o que tem. 

Em riba do carro se junta a famia; 
Chegou o triste dia, 
Já vai viajá. 
A seca terrive, que tudo devora, 
Lhe bota pra fora 
Da terra natá. 

O carro já corre no topo da serra. 
Oiando pra terra, 
Seu berço, seu lá, 
Aquele nortista, partido de pena, 
De longe inda acena: 
Adeus, Ceará! 

No dia seguinte, já tudo enfadado, 
E o carro embalado, 
Veloz a corrê, 
Tão triste, o coitado, falando saudoso, 
Um fio choroso 
Escrama, a dizê: 

- De pena e sodade, papai, sei que morro! 
Meu pobre cachorro, 
Quem dá de comê? 
Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato? 
Com fome, sem trato, 
Mimi vai morrê! 

E a linda pequena, tremendo de medo: 
- Mamãe, meus brinquedo! 
Meu pé de fulô! 
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca! 
E a minha boneca 
Também lá ficou. 

E assim vão dexando, com choro e gemido, 
Do berço querido 
O céu lindo e azu. 
Os pai, pesaroso, nos fio pensando, 
E o carro rodando 
Na estrada do Su. 

Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado. 
O pobre, acanhado, 
Percura um patrão. 
Só vê cara estranha, da mais feia gente, 
Tudo é diferente 
Do caro torrão. 

Trabaia dois ano, três ano e mais ano, 
E sempre no prano 
De um dia inda vim. 
Mas nunca ele pode, só veve devendo, 
E assim vai sofrendo 
Tormento sem fim. 

Se arguma notícia das banda do Norte 
Tem ele por sorte 
O gosto de uvi, 
Lhe bate no peito sodade de móio, 
E as água dos óio 
Começa a caí. 

Do mundo afastado, sofrendo desprezo, 
Ali veve preso, 
Devendo ao patrão. 
O tempo rolando, vai dia vem dia, 
E aquela famia 
Não vorta mais não! 

Distante da terra tão seca mas boa, 
Exposto à garoa, 
À lama e ao paú, 
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo, 
Vivê como escravo 
Nas terra do su. 


* Verso cantado por Luiz Gonzaga 

Antônio Klévisson Viana (Quixeramobim, 1972) é um poeta de literatura de cordel brasileiro. Mudou-se para Canindé aos oito anos de idade, onde iniciou suas atividades como cartunista e ilustrador no jornal A voz do Povo, órgão informativo da Prefeitura de Canindé. Participou da coordenação do Salão de Humor Canindeense, juntamente com seu irmão Arievaldo Viana e o professor Laurismundo Marreiro. Transferiu-se em seguida para Fortaleza, onde atuou inicialmente como chargista e ilustrador no jornal O POVO, estabelecendo-se em seguida com uma editora de quadrinhos e folhetos de Cordel, a TupynanquimEditora, de Fortaleza, Ceará. É autor de muitos sucessos da literatura de cordel, entre os quais o Romance da Quenga que Matou o Delegado, adaptado para o programa Brava gente!, da Rede Globo.



BOA LEITURA!

PROFESSOR UTILIZE A LITERATURA NA SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA


 CONHEÇA CARACTERISTICAS DAS POESIAS POPULARES NORDESTINAS:

Cordel, cordões, de material orgânico usado e fabricado em quase todo Brasil Literatura de Cordel, versos narrando o cotidiano.

Viola e Cantoria é um movimento de cunho artístico cultural que trabalha no sentido de resgatar e mostrar a música brasileira de qualidade com foco inicial.

A embolada é um gênero musical de origem nordestina e tem como principal característica o curto intervalo entre as palavras e os versos.

A poesia cabocla é um poema imaginado.

Canto monótono do vaqueiro, dirigido à boiada. (aboio)

Trava língua é um conjunto de palavras formando uma sentença que seja de difícil articulação em virtude da existência de sons que exijam movimentos seguidos da língua que não são usualmente utilizados.

Cultura Popular

A Poesia popular nordestina


A poesia popular nordestina esta dividida em artes distintas, que vale a pena conhecer e estudar sobre elas para que possamos trabalhar em nossa sala de aula.